PCP
(FENCICLIDINA OU PENICICLIDINA)
HISTÓRICO (5)
Considerado o mais perigoso dos alucinógenos; droga sintética criada em 1963 com finalidades anestésica e analgésica recebeu o nome de Sernyl®.
Seu uso em seres humanos foi descontinuado em 1965, pois os pacientes freqüentemente se mostravam agitados, delirantes e desorientados enquanto se recuperavam de seus efeitos analgésicos.
Começou a ser usado como droga de rua nos anos 60, com o nome de Peace Pill, se tornou popular após o declínio do uso do LSD.
EPIDEMIOLOGIA
- Não foram encontrados dados epidemiológicos no Brasil.
CLASSIFICAÇÃO (5)
- É classificada como uma droga psicodélica anestésica.
NOMES POPULARES (4,5)
Cristal
Pó de anjo
Tranqüilizante de elefante
Ciclone
Cadilac.
TIPOS DE PREPARAÇÃO (4,5)
O PCP é um pó branco e cristalino que se dissolve facilmente em água e álcool;
Pode ser misturado a corantes e por isso apresentar uma variedade de cores e formas (cápsulas, tabletes, pós-coloridos);
Possui sabor químico e amargo;
É vendido na forma de cristais, que podem ser misturados a folhas de hortelã e fumados com tabaco e maconha. Nesta forma apresentam concentração que variam de 50 a 100%.
MODO DE USO (1,4,5)
• Pode ser usado de diferentes maneiras:
* Via intravenosa;
* Inalação;
* Aspiração
* Ingestão (via oral)
Quando fumada pode ser misturada a folhas de plantas (menta, salsa, orégano e maconha).
FARMACOCINÉTICA (5)
Apresenta boa absorção quando fumado ou ingerido oralmente - Fumado: pico de efeito é em 15 minutos. Ingerido oralmente: absorção oral é mais lenta, níveis sanguíneos máximos não são atingidos antes de 2 horas após a ingestão;
Passa rapidamente do intestino para o plasma, sendo distribuído pelo corpo e voltando ao intestino, onde é novamente reabsorvido;
É metabolizado no fígado e seus metabólitos são excretados na urina;
Meia-vida é de 18 horas (podendo variar devido a reabsorção).
MECANISMO DE AÇÃO (5)
Principal sítio de ação do PCP é no SNC nos receptores NMDA. Pacientes esquizofrênicos relatam reduzida atividade do receptor nicotínico, níveis elevados de dopamina e comprometimento na função do sistema límbico do canal de potássio. Essas ações contribuem para as propriedades psicotogênicas do PCP;
Sua maior ação é um antagonismo não-competitivo do receptor NMDA. O antagonismo é dose-dependente;
PCP também inibe canais iônicos: -sódio voltagem dependente, - canais de potássio, - receptores nicotínicos de acetil colina;
Atua em proteínas de membrana produzindo antagonismo do receptor sigma (receptor opióide).
EFEITOS (2,4,5)
Provoca anestesia dissociativa, isto é, deprime os centros nervosos responsáveis pela dor e impede que a percepção corporal chegue às funções cerebrais;
O PCP não produz alucinações verdadeiras como LSD;
Os efeitos duram entre 2 e 48 horas e são dose-dependentes.
Agudos
Efeitos físicos (doses baixas - 5 a 10 mg)
Aumento da freqüência cardíaca;
Aumento da freqüência respiratória;
Elevação da pressão arterial;
Rubor facial;
Suor profuso (excessivo);
Diminuição da sensibilidade das extremidades (formigamento);
Perda da coordenação;
Relaxamento.
Efeitos psíquicos (doses baixas - 5 a 10 mg)
Dissociação psicofísica (fuga da realidade, "sair do ar");
Desinibição;
Distorção das mensagens sensoriais;
Sensação de flutuar no espaço;
Alucinações;
Euforia;
Sensação de força, poder e invulnerabilidade.
Efeitos físicos (doses elevadas)
- Doses elevadas implicam na ativação do Sistema Nervoso Simpático, o que causa sintomas característicos.
Redução da pressão arterial, da freqüência cardíaca (depressão cardiovascular) e respiratória;
Taquicardia.
Estes sintomas podem ser acompanhados de:
* Náuseas;
* Vômito;
* Visão borrada;
* Movimentos rápidos dos olhos;
* Salivação excessiva;
* Perda de equilíbrio;
* Vertigem (tontura);
* Convulsão;
* Coma;
* Morte (resultado de ferimentos, acidentes durante o efeito).
Efeitos psíquicos (doses elevadas)
Sentimentos de força, poder;
Efeito de entorpecimento (diminuição da dor, enfraquecimento);
Os sintomas resultantes de doses elevadas podem ser comparados aos da esquizofrenia e incluem:
* Delírio;
* Alucinação;
* Paranóia;
* Pensamento desordenado
* Sensação de distanciamento do ambiente;
* Catatonia (perturbação psicomotora), esse estado psicótico pode desaparecer lentamente, conforme os níveis da droga vão declinado, algumas vezes pode permanecer semanas e requer internação;
* Fala limitada e incompreensível.
Crônicos
Efeitos físicos
Lapsos de memória;
Dificuldades com a fala e pensamento;
Perda de peso;
Desordens psicomotoras
Efeitos psíquicos
Depressão;
Transtornos emocionais (psicose, etc.);
Comportamentos violentos e agressivos (devidos a esses episódios, ganhou a reputação de droga violenta);
Estes sintomas podem persistir por até um ano depois de deixar de usar a droga.
ABUSO (5)
- O abuso do PCP ocorre devido aos efeitos alucinógenos e psicotrópicos que ele produz.
TOLERÂNCIA (1, 5)
- O uso diário implica no desenvolvimento de tolerância.
DEPENDÊNCIA (1,5)
Quando utilizado diariamente, há evidência de dependência; [5]
Provoca dependência psicológica e não existem registros de dependência física. [1]
SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA (5)
- Quando usado diariamente, produz sintomas de abstinência.
EFEITOS NA GESTAÇÃO (2)
O PCP atravessa a placenta e se encontra presente no leite materno.
Doses altas podem provocar o nascimento de fetos com anormalidades, como displasias (desenvolvimento anormal) esqueléticas e fenda palatina (malformação facial que afeta o céu da boca, com um sulco que pode se estender até a arcada dentária).
• As anormalidades que podem aparecer nos fetos são:
* Crescimento facial assimétrico;
* Espasmos persistentes;
* Microcefalia;
Hipoplasia (crescimento insuficiente) do nervo óptico;
São observados também anomalias congênitas no sistema cardiovascular, respiratório, urinário e músculo-esquelético.
TRATAMENTO (5)
Como o PCP é uma droga que sofre reabsorção intestinal retornando ao estômago várias vezes, o tratamento para uma overdose pode incluir a administração de carvão ativado, que se ligará ao PCP, diminuindo assim sua toxicidade;
• O uso de qualquer tipo de alucinógeno implica em quadros ansiosos e de pânico, que são controlados com reasseguramento e orientação voltada
para a realidade, colocando o indivíduo num ambiente tranqüilo (para diminuir os estímulos sensoriais);
Sintomas mais intensos são controlados com a administração de benzodiazepínicos ou neurolépticos;
Convulsões são tratadas com aporte de oxigênio e diazepam endovenoso;
Hipertensão, taquicardia, hipertermia têm prescrições especifícas.
EXAMES PARA DETECÇÃO DA DROGA NO ORGANISMO
- Não foi encontrado dados.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS (4)
- O PCP vem sendo utilizado em roedores por produzir mudanças comportamentais, efeitos metabólicos e neuroquímicos semelhantes daqueles que ocorrem em pacientes equizofrênicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. FUCHS, Flávio Danni; WANNMACHER, Lenita; FERREIRA, Maria Beatriz
C. Farmacologia Clínica: Fundamentos da Terapêutica Racional. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
1 Christopher Dvorak, BA; Carrie L. McMahon, MS; Eugene Pergament. The effects of hallucinogen use during pregnancy. Northwestern Memorial Hospital and Northwestern University Medical School. Vol 8#2, Chicago. October 2000.
2 Brian J Morris, Susan M Cochran and Judith A Pratt. PCP: from pharmacology to modelling schizophrenia. Current opinion of pharmacology, 5(1):101-6. Scotland. Feb/2005.
3 NIDA (National Institute on Drug Abuse). PCP (phencyclidine). March/2005 Disponível em <www.drugabuse.gov> Acesso em 25 abril/2006.
4 Figlie, Neliana Buzi; Bordin, Selma; Larangeira, Ronaldo. Aconselhamento em Dependência Química. 1° Edição. São Paulo - SP: Editora Roca. 2004.
Autor: VIVAVOZ
Fonte: SISP
Acessado em: 2008-07-31, 13:56:43